Cadeirão de Papel

Alexandre Costa

Textos

BEIJO INFINITO

despi-me do frívolo
e mergulhei num lago calmo
deixei alguns sinais
não fosse perder-me
e quisesse voltar à superfície
os nenúfares pairavam, suaves
carregando, gentis, as lótus sorridentes
e os silêncios imersos
que me rodeavam
eram raízes de sonhos
agarradas a um fundo fértil
de vez em quando
lá passavam peixes doirados
numa dança de sintonia
e logo atrás, os prateados
em brincadeiras infindas
as algas doces, teciam carícias de seda, frescas
mais para oferecer serenidade
do que para se fazerem notar
e não serem pisadas
e riam, das cócegas leves que provocavam
mas algo faltava ali
para ser sublime
e quando dou por mim
enquanto assimilava tudo
ei-la! magestosa!
a musa que sonhei!
numa veste translúcida
a denunciar a indelével beleza
cabelos longos e livres
com intermitências de sol
numa câmara lenta própria da água
suspirei, desde o mais íntimo de mim
enquanto os olhos permaneciam abismados
sem um mínimo movimento
então aproximou-se, lentamente
olhar doce e firme
encostou os lábios nos meus
e deixou, no beijo mágico, um infinito
ainda hoje sinto
o beijo sonho




05-03-2024



AlexandreCosta
Enviado por AlexandreCosta em 05/03/2024
Alterado em 13/03/2024
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