Inerência Constante
havia-lhe um deserto em cada braço
e uma ventania verde a soprar-lhe as areias
havia-lhe uma paragem desconhecida em cada perna
e um motor de combustão a empurrar-lhe horizontes
Havia-lhe um tampão profundo em cada ouvido
e um som rasgado a contar-lhe segredos
Havia-lhe uma cegueira impertinente em cada olho
e uma luz teimosa a abrir-lhe estrelas
havia-lhe uma boca estranha oclusa
e uma tesoura encantada a beijar-lhe lábios
havia-lhe uma língua em serpentina
e uma pinça destravada a puxar-lhe as papilas
havia-lhe uma voz silêncio nas cordas secas
e um megafone hidratado e gritar-lhe canções
havia-lhe um músculo rubro espasmo de ritmo parado
e uma bomba constante a explodir-lhe nas veias
havia-lhe uma inerência constante a chamar-lhe vida
e enquanto morria ia nascendo
26-02-2025
AlexandreCosta
Enviado por AlexandreCosta em 26/02/2025
Alterado em 26/02/2025
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