DIZ ADEUS AO PAPEL E OLÁ A MIM
amo a tua inexistência
tanto
que te quero tanto
e enquanto
escrevo-te num vislumbre
fera de papel com asas
a alçar voo
(escapar-te-às da tinta inventada?)
talvez te decalque num sonho celofane
sobre a deusa perfeita
que guardo sem tempo
talvez te trace a encarnado vivo
linha a linha
de sangue polido
até ver uma árvore
com raíz de âmago pulsante
talvez deixe o sol trespassar-te
até à lucidez ardente
talvez te deixe ao vento
em mosto de canto sereia
e fermentes até à voz mulher
talvez
de onde te vejo
transcendas o poema meticuloso
antes do ponto final
que já me devoram
as reticências
27-10-2024
AlexandreCosta
Enviado por AlexandreCosta em 27/10/2024
Alterado em 30/10/2024
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