Textos

ECOS PARALELOS



vou inventando-te nos espaços
atrás das cortinas brancas
célula a célula
nervo a nervo
vermelho a vermelho
cabelo a cabelo
como fazem os pintores sem carne

nada falha quando te invento
e se ventos falassem
calar-se-iam quando te invento
é que não há voz qualquer
que cale o amor puro
nem sequer as águas
que rasgam montanhas

tão pouco sei
por que te invento
talvez acredite no impossível
talvez este sangue de alma
placentário olhar de universos
saiba que
algures
terás nascido para mim

ainda que não te desvendes
ainda que te escondas
atrás das palavras onde te invento
haverá o tempo
(ou já o houve...)
em que num corpo serei eu
e noutro
tu

mas algo no fundo me diz
que já foste inventada
e eu sou invenção



20-10-2024


AlexandreCosta
Enviado por AlexandreCosta em 19/10/2024
Alterado em 21/10/2024
Copyright © 2024. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.


Comentários