é já ali a terra suspensa
o patamar dos crédulos
e se a urgência pede fervor
a calma persiste no incrédulo
tudo parece fácil, fácil demais
e os olhos pedem para ir
e nada os prende
nem mesmo a cegueira
é este arrepio a promessa do que vê
e nada arrrepia mais
nem mesmo a boca suave
que me sopra o corpo
e se detém indestrutível no coração
há-de haver o dia de lá chegar
enquanto não
tombo as nuvens, uma a uma
e delas faço um estrado sem pés
assim posso dormir
e despencar da alma os frutos podres
aqueles que morrem na suspensão
e o que sobrar é o que valerá na partida
quero ir leve...
quero ir como as brisas
e nem um só poema irei levar
deixo-os todos
a quem souber voar...



04-05-2024