Cadeirão de Papel

Alexandre Costa

Textos

NUNCA É DEMAIS

envio-te ao infinito de mim
para colheres as palavras
as que não te digo
apenas porque prefiro que as sintas
mais do que as ouvires da minha boca
ou as leres no prenúncio de te olhar

eu sei que é estapafúrdio este mundo
mas tens sempre as barras laterais
é nelas que hei-de segurar-te sempre
e se por vezes for difícil respirar
podes sempre colher o ar nos meus lábios
e se for frio, encosta-te ao meu peito
há por ali um fogo constante
com chamas de asas quentes a voar

e se tiveres fome, fome de tudo
despe-me até sentires a carne e o que não é
e devora-me lentamente, sem pressa
para que eu possa saborear as tuas bocas

come-me tudo, até as migalhas que sobrarem

mais do que me esvaziar em ti
quero que te preenchas de mim
nunca me sinto vazio de ser comido
que assim sou mais e mais
mais carne, mais alma
mais tudo
nesse infinito



02-05-2024



AlexandreCosta
Enviado por AlexandreCosta em 02/05/2024
Alterado em 12/05/2024
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