DA MORTE EM DOIS ESTADOS
I
Serei, na espera; - O tempo vil a ir-se! O cerne mais rachado, preso em pontas... Enquanto a sorte dorme, sem dar contas, O sangue vai escoando; - Ele o disse...! Da boca, a promessa que não despontas, Tuas mãos já tão distantes, em desdisse! Do corpo, preso em mim, se eu fugisse, Jamais veria a luz, em idas tontas! Irei partir, assim, em dor soturna E levarei, comigo, em minha urna, As chagas de um amor desprometido! Mas ouso, antes de ir a outro mundo, Dizer-te: - Este sentir, amor profundo, Será mais que uma faca em teu ouvido! II Serei na espera; - O tempo sempre a ir-se! O cerne mais fechado, sem afrontas; Enquanto a sorte dorme, sem dar contas, O sangue vai escoando; - Ele o disse...! Da boca, a promessa que não despontas Tuas mãos já não acenam; - Ele predisse! Do âmago, preso a ti (nem que fugisse!), Jamais verei a luz que aqui encontras! Irei partir, assim, em dor soturna E levarei, comigo, em minha urna, As flores de um amor desprometido! E ouso, antes de ir a outro mundo, Fazer deste sentir, amor profundo, Sussurro, sempiterno, em teu ouvido! 28-03-2024
AlexandreCosta
Enviado por AlexandreCosta em 28/03/2024
Alterado em 28/03/2024 Copyright © 2024. Todos os direitos reservados. Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor. |